• (11) 99385-0963
  • contato@psicologabrancafrias.com.br
16
Outubro

Outubro Rosa e a Psicologia

Segundo pesquisas, o câncer de mama é considerado mundialmente o mais comum dentre os cânceres femininos. No Brasil, está associado a uma alta taxa de mortalidade, porém se for diagnosticado e tratado precocemente, poderá receber um favorável prognóstico. É uma doença que engloba consequências físicas e psíquicas, causando em alguns casos mutilações com prejuízos graves em relação à autoestima, à autoimagem e à sexualidade.

 

O papel da Psicologia no contexto oncológico

Como o câncer de mama acomete num importante órgão do corpo feminino, (A mama é considerada símbolo da sexualidade e maternidade), adquirir uma doença nesse órgão interfere no processo de simbolização da mulher enquanto ser feminino.

 

O principal objetivo da Psicologia é auxiliar a portadora (aqui não uso paciente, pois busca-se um papel ativo da mulher na prevenção e redução dos sintomas emocionais e físicos causados pela doença e na compreensão do significado da experiência do adoecer ao possibilitar a ressignificação de todo o processo envolvido.

 

Ao receber o diagnóstico de um câncer de mama, a mulher estará diante de inúmeras informações novas que geram dúvidas e sentimentos variados. A resposta emocional de cada mulher dependerá das habilidades de enfrentamento, disponibilidade emocional, suporte financeiro e parâmetro médico.

 

Geralmente, as primeiras reações são de choque e de revolta, acompanhadas dos sentimentos de medo e raiva. Grande parte das mulheres relata, inicialmente, um estado de paralisia e desespero, acompanhados do desejo de ter sido vítima de um diagnóstico equivocado, atitude esperada na fase da negação, que poderá resultar numa incansável peregrinação a variados médicos.

 

A negação é considerada um mecanismo de defesa transitório e permite atenuar o choque do diagnóstico temido. Aderir ao tratamento o quanto antes é fundamental e, muitas vezes, decisivo para um bom prognóstico.

 

Sentimentos como ansiedade, raiva, tristeza, insegurança, desespero, culpa e solidão serão frequentes durante o tratamento, alternados com os sentimentos de otimismo, esperança, ânimo e entusiasmo. Aceitá-los e aprender a lidar com eles na busca de recursos emocionais para o enfrentamento da doença e do tratamento, possibilita administrar melhor a situação, fortalecer o sistema imunológico e produz resultados positivos.

 

O diagnóstico existe e, por mais dolorosa que seja a realidade, é preciso escolher enfrentá-la. Será uma travessia turbulenta, permeada por inúmeros medos, entre eles o medo da morte, do abandono, da recidiva e de não conseguir enfrentar o tratamento. 

 

Inúmeros sentimentos estarão indo e vindo; o ser humano é constituído por esse “exército” de sentimentos para enfrentar as batalhas da vida, comemorar e desfrutar das vitórias, bem como sobreviver às derrotas e seguir em frente.

 

O medo da morte

O medo da morte acompanha a humanidade e ignorá-lo ou evitá-lo é esperado, devido à dificuldade do inconsciente em conceber o fim da vida. Atualmente, observa-se na sociedade a tentativa por dominar a morte já que não se pode negá-la. São inúmeras as razões envolvidas em fugir do inevitável.

 

Nota-se o morrer associado à tristeza e à solidão, consequentemente um assunto temido e negado socialmente. Enfrentar a morte com serenidade requer pensá-la em vida, lutar pela humanização nas relações interpessoais e sociais; repensar conduta, postura e valores; organizar e planejar os objetivos individuais e contar com a morte como uma possibilidade natural.

 

Várias mulheres retomam suas vidas e relatam rever seus valores, atribuindo novas perspectivas de vida após enfrentarem um câncer.

 

O medo de abandono e as crises nos relacionamentos conjugais estão relacionados às consequências físicas e psíquicas representadas por mutilações e prejuízos graves em relação à autoestima, à autoimagem e à sexualidade da mulher.

 

A preocupação com o tratamento e com alguns efeitos colaterais como a queda do cabelo, a diminuição da lubrificação vaginal e do desejo sexual geram insegurança e alteram a rotina do casal. Conversar e encontrar, juntos, alternativas para enfrentarem a situação poderá aliviar e eliminar o peso dos medos sentidos por ambos. Na vida a dois sempre existirão obstáculos; escolher reconhecê-los e buscar alternativas para superá-los fortalece o relacionamento.

 

O medo da recidiva, ou seja, da doença reaparecer, é um fator que tenho vivenciado com as mulheres que atendi, não só quando vão fazer os exames de rotinas, mas esse medo vem em forma de flashbacks semelhantes ao stress pós traumático.

 

Enfrentar a doença

Enfrentar a doença exige lidar com uma etapa de cada vez. Uma boa alternativa é manter a calma e concentrar energia na capacidade de superação e fortalecimento do sistema imunológico com otimismo e determinação. Durante o período de controle, após o tratamento, um bom recurso é cuidar da saúde com atitudes preventivas e amar a vida intensamente e, quando o medo aparecer, refletir sobre o presente e sobre o estado de saúde atual.

 

O medo de sentir dor e dos efeitos colaterais está associado ao desconhecido e às inúmeras informações, muitas vezes inadequadas, às quais o indivíduo é exposto pelos meios de comunicação e por relatos de pessoas sobre experiências vividas.

 

O organismo de cada ser humano reage de forma diferente às mesmas exposições; várias técnicas utilizadas na medicina e na psicologia amenizam a dor e tornam os efeitos colaterais suportáveis. A mulher desempenha papéis sociais: filha, irmã, profissional, esposa, mãe e costuma cuidar dos que a cercam e nutri-los. Ser cuidada pelo outro exige permissão e abertura para receber o amor, a dedicação, o carinho, a gentileza e aceitar a vulnerabilidade como uma condição humana. Receber ajuda não é sinônimo de fraqueza.

 

Se conhece alguém ou se é portadora, busque ajuda de um profissional, dividir com família e amigos ajuda, mas o profissional contém técnicas que vão ajudá-la a enfrentar com dor, mas uma dor suportável.

Mulher! Cuide-se!!

 

Fonte: Blog Vetor Editora

Leia também

Vamos conversar?